A bordo estavam registrados oficialmente entre passageiros e tripulantes 578 pessoas, embora existam versões que mais de 800 imigrantes clandestinos espremiam-se nos porões fugindo da Guerra na Europa. A bordo do navio era transportada grande quantidade de metais como: Estanho, Amianto, Cobre, Zinco, Aços, fios elétricos e vinho português. Além de 12 estátuas de bronze, componentes do Monumento "La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas" do Parque Palermo, em Buenos Aires, e supostamente um valor de 40.000 libras-ouro.
Na manhã do dia 06 de março, um domingo de Carnaval, chovia forte e a cerração tornava a visibilidade quase zero. Soprava um forte vento leste e o mar estava muito agitado e com grandes vagas, que chacoalhavam o navio. Já na madrugada de segunda-feira a chuva ainda caia forte e a cerração anulava quase toda a visão. Ao se aproximar da Ilha de São Sebastião (Ilhabela) o capitão, José Lotina ordenou diminuição da marcha e mudança do curso em direção ao alto-mar.
O Naufrágio As 4 horas e 20 minutos da madrugada de segunda-feira à maioria dos passageiros que estavam a bordo do vapor, já dormiam. Porém no luxuoso salão de festas do navio, a orquestra ainda tocava animadas marchinhas de carnaval, quando derrepente um relâmpago iluninou a noite escura e revelou quão próximo dos rochedos da Ponta da Pirabura estava o transatlântico. Segundo o 2º piloto, imediatamente o comandante Lotina gritou: "É terra!", e jogando-se sobre o telégrafo de máquinas comandou "Máquinas, toda força a ré" ordenando leme todo a boreste. Não havia tempo para o cumprimento das ordens e o choque era inevitável. | | |
| Ponta da Pirabura, Ilha de São Sebastião, SP. |
| | O navio bateu violentamente na laje submersa da Ponta da Pirabura, abrindo uma enorme fenda no casco. Segundo o relato de alguns sobreviventes com a entrada de água na sala de máquinas, duas das caldeiras explodiram, o que provocou o rápido naufrágio. O Principe de Asturias desapareceu em menos de cinco minutos, levando com sigo cerca de 450 almas. Muitos homens, mulheres e crianças foram lançados ao mar na escuridão da noite, sendo arremeçados pela violência das vagas contra o íngrime costão da ponta da Pirabura. Outros, com destino não menos cruel, pereceram presos no interior do navio, que submergiu rápida e completamente devido a grande profundidade do local. Oficiais do navio relataram que na ponte de comando o Capitão José Lotina e seu primeiro oficial Imediato Antônio Salazar Llinas decidiram por fim a suas vidas, dando um tiro na cabeça; os corpos dos dois oficiais nunca foram encontrados. |
Posição do Principe de Asturias | | |
Muitos corpos acabaram por chegar as praias da Ilha de São Sebastião e as histórias de horror, heroísmo e roubo dos cadáveres pulula o imaginário da Ilha. Alguns sobreviventes, agarravam-se a fardos de cortiça para manter-se na superfície. O navio inglês Vega recolheu muito dos sobreviventes e alguns cadáveres. Mas, a grande maioria de corpos, foram dar a baia de Castelhanos, em Ilhabela e na Praia Grande em Ubatuba. |
O lugar, ainda hoje ermo, apresentava tantas dificuldades de acesso que os corpos foram enterrados na própria praia. Os números oficiais falam em 445 mortos entre os 578 passageiros e tripulantes. Nunca foi provado que existiam imigrantes viajando não registrados. Nos alojamentos próximos da sala de máquinas e caldeiras, podiam ser acomodadas mais de mil pessoas.
Em 1989 foi autorizada a salvatagem; muitas partes dos destroços foram dinamitadas e retiradas. louças, talheres, garrafas e apetrechos de marinharia foram recuperados juntamente com parte da carga de metais. Para este resgate foi instalado um teleférico de carga, por onde era retirado o material salvatado. Parte das estruturas de sustentação deste sistema, ainda podem ser vistos junto a Ponta da Pirabura, no costão acima dos destroços. Em 01.10.1990 duas estátuas de mulheres do monumento argentino "La Carta Magma y las Cuatro Regiones Argentinas" foram recolhidas. Uma delas está hoje em frente ao Serviço de Documentação Geral da Marinha (SDGM), na Ilha das Cobras RJ.
| | Uma das pás do hélice extraída durante os trabalhos de resgate. foto: Jornal Informar |
O Mergulho O Principe de Asturias é considerado um dos mais difícies mergulhos do Brasil. Nele mais de um fator complicador está presente, obrigando os mergulhadores que decidam se aventura a dominar técnicas avançadas de naufrágio, além de contar com sorte para acertar a janela de bom tempo. O mar frequentemente agitado e a longa navegação, até atingir à parte externa da Ilha Bela, já cobram seu preço na disposição dos mergulhadores. Na imagem aérea ao lado, podemos ver como a Ponta da Pirabura funciona como um parachoques para as frentes que chegam do sul trazendo o mau tempo. Desta forma, a Ponta da Pirabura é a primeira região da ilha a receber ventos e a nebulosidade. | | |
Ao atingir o local, os mergulhadores ainda precisam conviver com um mar sempre agitado. Finalmente as águas escuras no fundo, com visibilidade média de 3 metros, provocam desorientação e dificuldades de movimentação pelos destroços. | | | | |
| Águas escuras e grande profundidade obrigam o uso de equipamento técnico e cuidado na exploração. |
Os destroços estendem-se de 15 metros até perto dos 50 metros, o que pode tornar um mergulhador ávido por conhecer todo o navio um forte candidato a problemas nas águas fundas do navio. |
O navio está praticamente paralelo ao costão, com sua proa voltada para leste e a popa para Oeste. Como foi muito dinamitado, encontra-se desmantelado. Meia-nau e popa estão apoiadas na areia e as caldeiras estão soltas caídas no fundo. Na faixa dos 30 metros está depositado o grande eixo, que em alguns pontos mostra flanges abertas, o que poderia evidenciar que o navio colidiu com o fundo ainda com as hélices funcionando. O hélice foi retirado na operação de resgate. |
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